segunda-feira, 2 de novembro de 2015

SAUDADE!

Há uma canção que diz “Ah, que saudade, que saudade de ouvir tua voz ao entardecer, (...) se eu pudesse, voltaria atrás, e não faria novamente o que fiz, troquei minha comunhão, pela escuridão da noite, em trevas tornei os meus dias”. 

          Na vida é comum nos arrependermos de atitudes praticadas, ficando na nossa mente a certeza de que se houvesse possibilidade de voltar atrás, a decisão seria outra. Para nós, cristãos, o arrependimento, geralmente, se refere à prática do pecado, a escolhas que nos afastam da presença de Deus, nos deixando a sensação de saudade descrita pelo autor da composição mencionada. Algumas vezes o afastamento da vontade de Deus é facilmente perceptível, haja vista tratar-se de uma obstinação deliberada em fazer o que desagrada ao Senhor. Todos tentam pará-lo e mesmo assim o cristão escolhe realizar as práticas do velho homem, ferindo mandamentos bíblicos, seja entrando em relacionamento em jugo desigual (2 Co. 6.14), afastando-se do corpo de Cristo (Hb. 10. 24-25), frequentando ambientes indevidos, andando em más companhias (Ef. 5,7), proferindo palavras impróprias (Cl. 3.8-9) ou mesmo traindo os votos de fidelidade conjugal (Pv. 5) feitos perante Deus. Em outras vezes, no entanto, o afastamento da vontade do Senhor não é visível à igreja, porque continuamos no meio do povo de Deus, culto após culto, fazendo as atividades que sempre fizemos, ensinando em escola bíblica, pregando, aconselhando, todavia, concomitantemente, relegando a comunhão com Deus a um segundo plano, aos dias em que nossa agenda a comporta. E assim, sem orar, sem meditar continuamente nas escrituras, adentramos em um declínio espiritual, visto “apenas” por Aquele que sonda mente e coração. 

        Enfraquecemos espiritualmente, em cumprimento a verdade contida em João 15 (“sem mim nada podeis fazer”) e começamos a perceber que nossa postura está refletindo quem de fato encontra-se vencendo a guerra entre carne e Espírito. 

        Quando sinceramente nos indagamos como chegamos àquela situação de frieza espiritual, a resposta é quase audível em nosso pensamento: Negligência. Desprezamos a comunhão diária com Deus, a fim de atendermos as demandas do cotidiano. Sacrificamos a nossa vida espiritual objetivando cumprir prazos, superar metas, agradar pessoas e satisfazer as nossas comodidades. Lentamente, vamos trocando a visão do que é eterno pela ótica do que é transitório, enxergando como prioridade, ocupações triviais ou mesmo relevantes, mas que nunca deveriam assumir o controle de nossos dias. 

             A verdade é que se não cultivamos a nossa relação com o Deus Triúno, os padrões deste mundo começam a de forma assombrosa encontrar espaço em nosso coração, de modo que não obstante tenhamos consciência de que não vale a pena deixar a comunhão com Ele, nossas escolhas e agendas diárias demonstram o contrário, evidenciando o que o Senhor pronunciou em Jr. 2.13, “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água”. 

        Se você se encontra nessa situação, já tendo vivido dias de grande alegria na presença do Senhor, em que você tratava sua vida espiritual como um tesouro precioso, “não diga: ‘Por que os dias do passado foram melhores que os de hoje?’ Pois não é sábio fazer tais perguntas”(Ec 7:10), antes, arrependa-se e volte. Volte para a casa de seu Pai, para Aquele que está de braços abertos, pronto a lhe dar vestes limpas e colocar um anel em seu dedo como prova de que lhe quer como filho (Lc. 15.11-32). 

           Confie na promessa de Deus mencionada em Jr. 29. 13, “e buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.” Fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus (2 Tm.2.1), ponha a armadura de Deus (Ef. 6), tenha disciplina, fique aos pés do Mestre (Lc. 10.42). Reserve tempo para restaurar sua vida espiritual e persevere nisso. Apegue-se a sua Bíblia novamente, leia sem obrigações outras, senão ouvir a voz de seu Deus. Clame por Ele, implore a Sua presença, peça ajuda ao Espírito Santo (Rm 8:26). Faça uma “auditoria” em sua vida e esteja disposto a dispensar o secundário, a abdicar de relacionamentos que te distanciam de Deus (Mt. 5.29-30). A despeito de sua vontade, retome os evangelismos (O Senhor tratará contigo, enquanto você anuncia as boas-novas aos outros). Busque ajuda junto ao corpo de Cristo, aqueles que foram feitos seus irmãos consoante à Adoção (Gl. 4.5). 

               Se a saudade da comunhão com Deus tem doído em seu coração, é indicativo de que já é hora de voltar! Lembre-se, você conhece o caminho (Jo. 14.6) e o Sumo Sacerdote continua a interceder por você (Hb.7.24). Sua vida (e a minha) só faz sentido se Deus estiver no centro. Caso contrário, resumir-se-á a “vaidade de vaidades” (Ec. 1.2). 

            Então, o que está esperando? “Volte, ó Israel, para o Senhor, o seu Deus” (Os. 14.1), volte ao primeiro amor (Ap. 2.4-5). 

Graça e Paz, 

Rose Oliveira

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