Há uma canção que diz “Ah, que saudade, que saudade de ouvir tua voz ao
entardecer, (...) se eu pudesse, voltaria atrás, e não faria novamente o que
fiz, troquei minha comunhão, pela escuridão da noite, em trevas tornei os meus
dias”.
Na vida é
comum nos arrependermos de atitudes praticadas, ficando na nossa mente a
certeza de que se houvesse possibilidade de voltar atrás, a decisão seria
outra. Para nós, cristãos, o arrependimento, geralmente, se refere à prática do
pecado, a escolhas que nos afastam da presença de Deus, nos deixando a sensação
de saudade descrita pelo autor da composição mencionada. Algumas vezes o
afastamento da vontade de Deus é facilmente perceptível, haja vista tratar-se
de uma obstinação deliberada em fazer o que desagrada ao Senhor. Todos tentam
pará-lo e mesmo assim o cristão escolhe realizar as práticas do velho homem,
ferindo mandamentos bíblicos, seja entrando em relacionamento em jugo desigual
(2 Co. 6.14), afastando-se do corpo de Cristo (Hb. 10. 24-25), frequentando
ambientes indevidos, andando em más companhias (Ef. 5,7), proferindo palavras
impróprias (Cl. 3.8-9) ou mesmo traindo os votos de fidelidade conjugal (Pv. 5)
feitos perante Deus. Em outras vezes, no entanto, o afastamento da vontade do
Senhor não é visível à igreja, porque continuamos no meio do povo de Deus,
culto após culto, fazendo as atividades que sempre fizemos, ensinando em escola
bíblica, pregando, aconselhando, todavia, concomitantemente, relegando a
comunhão com Deus a um segundo plano, aos dias em que nossa agenda a comporta.
E assim, sem orar, sem meditar continuamente nas escrituras, adentramos em um
declínio espiritual, visto “apenas” por Aquele que sonda mente e coração.
Enfraquecemos
espiritualmente, em cumprimento a verdade contida em João 15 (“sem mim nada
podeis fazer”) e começamos a perceber que nossa postura está refletindo quem de
fato encontra-se vencendo a guerra entre carne e Espírito.
Quando
sinceramente nos indagamos como chegamos àquela situação de frieza espiritual,
a resposta é quase audível em nosso pensamento: Negligência. Desprezamos a comunhão
diária com Deus, a fim de atendermos as demandas do cotidiano. Sacrificamos a
nossa vida espiritual objetivando cumprir prazos, superar metas, agradar
pessoas e satisfazer as nossas comodidades. Lentamente, vamos trocando a visão
do que é eterno pela ótica do que é transitório, enxergando como prioridade,
ocupações triviais ou mesmo relevantes, mas que nunca deveriam assumir o
controle de nossos dias.
A verdade é
que se não cultivamos a nossa relação com o Deus Triúno, os padrões deste mundo
começam a de forma assombrosa encontrar espaço em nosso coração, de modo que
não obstante tenhamos consciência de que não vale a pena deixar a comunhão com
Ele, nossas escolhas e agendas diárias demonstram o contrário, evidenciando o
que o Senhor pronunciou em Jr. 2.13, “O meu povo cometeu dois crimes: eles me
abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas,
cisternas rachadas que não retêm água”.
Se você se
encontra nessa situação, já tendo vivido dias de grande alegria na presença do
Senhor, em que você tratava sua vida espiritual como um tesouro precioso, “não
diga: ‘Por que os dias do passado foram melhores que os de hoje?’ Pois não é
sábio fazer tais perguntas”(Ec 7:10), antes, arrependa-se e volte. Volte para a
casa de seu Pai, para Aquele que está de braços abertos, pronto a lhe dar
vestes limpas e colocar um anel em seu dedo como prova de que lhe quer como
filho (Lc. 15.11-32).
Confie na
promessa de Deus mencionada em Jr. 29. 13, “e buscar-me-eis, e me achareis,
quando me buscardes com todo o vosso coração.” Fortifique-se na graça que há em
Cristo Jesus (2 Tm.2.1), ponha a armadura de Deus (Ef. 6), tenha disciplina,
fique aos pés do Mestre (Lc. 10.42). Reserve tempo para restaurar sua vida
espiritual e persevere nisso. Apegue-se a sua Bíblia novamente, leia sem
obrigações outras, senão ouvir a voz de seu Deus. Clame por Ele, implore a Sua
presença, peça ajuda ao Espírito Santo (Rm 8:26). Faça uma “auditoria” em sua
vida e esteja disposto a dispensar o secundário, a abdicar de relacionamentos
que te distanciam de Deus (Mt. 5.29-30). A despeito de sua vontade, retome os
evangelismos (O Senhor tratará contigo, enquanto você anuncia as boas-novas aos
outros). Busque ajuda junto ao corpo de Cristo, aqueles que foram feitos seus irmãos
consoante à Adoção (Gl. 4.5).
Se a
saudade da comunhão com Deus tem doído em seu coração, é indicativo de que já é
hora de voltar! Lembre-se, você conhece o caminho (Jo. 14.6) e o Sumo Sacerdote
continua a interceder por você (Hb.7.24). Sua vida (e a minha) só faz sentido
se Deus estiver no centro. Caso contrário, resumir-se-á a “vaidade de vaidades”
(Ec. 1.2).
Então, o
que está esperando? “Volte, ó Israel, para o Senhor, o seu Deus” (Os. 14.1),
volte ao primeiro amor (Ap. 2.4-5).
Graça e Paz,
Rose Oliveira
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