A caminhada
cristã não foi feita para ser percorrida sozinha. Os mandamentos recíprocos (“amai-vos cordialmente uns aos outros
com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros – Rm 12.10; suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém
tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim
também perdoai-vos - Cl. 3.13; confessai,
pois, os vossos pecados uns aos outros
e orai uns pelos outros, para serdes
curados; “compartilhai as
necessidade dos santos (...) Alegrai-vos
com os que se alegram e chorai com os que choram” - Rm. 12.
13,15; laveis os pés uns dos outros
– Jo. 13.14) nos lembram essa verdade a cada leitura bíblica realizada.
No texto de
hoje, quero lhe levar a refletir sobre os perigos de um falso amigo, a
importância de uma verdadeira amizade e fazê-lo enxergar como ter amigos é a
vontade do Senhor para sua vida.
É
incontestável o quanto (percebamos ou não) as pessoas que nos rodeiam conseguem
influenciar as nossas atitudes e escolhas. Tanto que, por diversas vezes, o
texto sagrado nos adverte acerca das nossas companhias (Pv. 23.20. “Não ande
com os que se encharcam de vinho, nem com os que se empanturram de carne”; Pv.
24.1 “não tenha inveja dos ímpios, nem deseje a companhia deles;” Sl. 1.1 “Como
é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos
pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!”; 1 Co 15.33 “Não se deixem
enganar: ‘as más companhias corrompem os bons costumes’"; Pv. 13.20 “Quem anda com os sábios será
sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau”).
Em provérbios
1.11-15 vemos o autor chamar atenção quanto a não consentir com a sedução dos
pecadores, nem se pôr a caminho com eles: “se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos
para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes;
traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova;
acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos
todos uma só bolsa. Filho meu, (...) guarda das suas veredas os pés;”.
Percebemos
também a influência que um amigo teve no incesto de Amnom, descrito em 2Sm 13: “Tinha
Absalão, filho de Davi, uma formosa irmã, cujo nome era Tamar. Amnom, filho de
Davi, enamorou-se dela. Angustiou-se Amnom por Tamar, sua irmã, a ponto de
adoecer, pois sendo ela virgem, parecia-lhe impossível fazer-lhe coisa alguma.
Tinha, porém, Amnom um amigo cujo nome
era Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi; Jonadabe era muito sagaz. E
Ele lhe disse: Por que tanto emagreces de dia para dia, ó filho do rei? Não mo
dirás? Então,lhe disse amnom: Amo Tamar, irmã de Absalão, meu irmão. Disse-lhe Jonadabe: Deita-te na tua cama e finge-te
doente; quando teu pai, vier visitar-te, dize-lhe: Peço que minha irmã Tamar
venha e me dê de comer pão, pois, vendo-a eu preparar-me a comida, comerei de
sua mão”. Verificamos que os próximos acontecimentos decorrentes deste conselho
são o estupro de Tamar e o posterior homicídio que vitimou Amnom.
Em Ester.
7.10, assistimos Hamã morrendo na forca que tinha preparado para Mardoqueu,
após ter seguido conselho de sua esposa e de amigos: “Então Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos lhe sugeriram: "Mande fazer
uma forca, de mais de vinte metros de altura, e logo pela manhã peça ao rei que
Mardoqueu seja enforcado nela. Assim você poderá acompanhar o rei ao jantar e
alegrar-se". A sugestão agradou Hamã, e ele mandou fazer a forca.” (Et. 6.14)
Pois bem. Nos
textos sobreditos, constatamos o quanto uma má companhia pode ser destrutiva. Do
contrário, veremos adiante como uma boa amizade tem o condão de nos fazer bem,
alegrar os nossos dias e nos aproximar do Senhor.
No Livro de
Daniel, conhecemos a história de Hananias, Misael e Azarias, posteriormente
chamados pelos nomes Mesaque, Sadraque e Abedenego, que juntamente com Daniel
decidiram honrar ao Senhor na Babilônia e não se alimentar com as finas
iguarias do Rei.
Dn. 2.17-18, nos
mostra Daniel, em meio a uma ameaça iminente de morte, pedindo a ajuda deles em
oração: “Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e
Azarias, seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre
este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o
resto da Babilônia”.
Após o
livramento concedido pelo Senhor, observamos Daniel compartilhando com os
amigos a vitória alcançada: “A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província da Babilônia (...)” - Dn. 2.49.
A história de
Daniel e seus amigos evidencia amizades verdadeiras, que engrandeceram ao
Senhor, mostrando como amigos fiéis permanecerão conosco no momento da
dificuldade, serão confiáveis, dividirão nossos fardos, orarão por nós e estarão
conosco compartilhando as nossas vitórias. Note ainda que embora o Livro
Sagrado nos alerte quanto ao excessivo número de amigos (Pv. 18.24a: “Quem tem
muitos amigos pode chegar à ruína”), a passagem dos jovens citados nos mostra
que não precisamos (e nem devemos) limitar-nos a ter um único amigo (a).
São
significativos na Bíblia os textos que demonstram o valor de uma amizade: Pv.
17.17 “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade”; Pv. 27. 17 “Assim como o ferro afia o ferro,
o homem afia o seu companheiro;” Pv. 18.24b “mas existe amigo mais apegado que um irmão;” Ec. 4.10 “Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se.
Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!”; At. 27.3 “No
dia seguinte, ancoramos em Sidom; e Júlio, num gesto de bondade para com Paulo,
permitiu-lhe que fosse ao encontro dos seus amigos, para que estes suprissem as suas necessidades”. As escrituras
sagradas trazem ainda, inúmeros exemplos de amizades que edificaram a vida dos filhos
de Deus. Se Davi estivesse a nos falar, citaria uma enorme lista presente no
decorrer de sua vida, mencionando nomes como Husai (cap.15 a 17 de 2Samuel) e
Jônatas (1 Sm 18.1). Homens que estiveram ao seu lado, independente das
circunstâncias.
De fato,
amizades verdadeiras com nossos irmãos são presentes do Senhor e nos dão prazer:
“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos” – Sl. 133-1; “Quanto aos
fiéis que há na terra, eles é que são os notáveis em quem está todo o meu
prazer.” - Sl 16.3. Assim, mesmo que você já tenha se frustrado com pessoas que
se diziam amigas, não faça disso um obstáculo para construção de novas
amizades.
Considere
ainda que amigos verdadeiros podem e provavelmente irão te decepcionar em algum
(ou vários) momento (s), mas se você agir biblicamente, tais situações serão
usadas por Deus para lhe fazer amadurecer. Note que no capítulo 42. 10, “Jó
orou por seus amigos (...)”, mesmo
após todo o diálogo que conhecemos (cap. 4 ao 31).
Lembremos-nos
do exemplo do Senhor Jesus. Escolheu doze para andar com ele. O Getsêmani e a
ocasião da transfiguração ainda nos mostraram “os mais chegados”. Judas o
traiu, Pedro o negou, e quanto aos demais, o versículo 56 de Mateus 26, nos diz
que “deixando-o, fugiram”. Mesmo assim, consoante Jo. 21 e Mc. 16.7, Jesus, após a ressurreição, decidiu
restaurar aquele que lhe negara por três vezes.
Em Fp. 2.4, Paulo afirma, “cada um cuide, não
somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” Siga o
conselho do apóstolo: seja capaz de se importar com seus amigos. Não ponham
seus “óculos do egocentrismo” ao se aproximar deles. Não busque cópias pessoais
que lhe aprovem em tudo. Seja leal, confiável, preocupe-se, perdoe, ore por
seus amigos e os ame.
Se você tem
caminhado sozinho, clame ao Senhor para que ele te faça enxergar pessoas com
quem você dividirá o fardo. Você não foi
feito para andar solitário, vez que este “busca o seu próprio interesse e
insurge-se contra a verdadeira sabedoria”- Pv. 18.1.
Nesses tempos
em que tudo gira em torno da tecnologia, retire um pouco os olhos das telas, e
olhe ao seu redor. Esqueça por um momento os números dos existentes em sua
conta no facebook e faça amigos de verdade. Seja-o também. Relacione-se.
Aprenda com o testemunho dos seus amigos, ajude-os a viver a Palavra e se
aproxime de Deus na companhia deles. Essa é a vontade do Senhor para nossas
vidas, vez que a comunhão nos dá a certeza da presença de Cristo em nosso meio:
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles.” - Mt. 18. 20.
Por fim,
outro aspecto que queria compartilhar contigo hoje, é que além de colocar
pessoas ao nosso lado, Deus se fez o nosso melhor amigo.
Em Jo. 15. 13-15
o Senhor Jesus afirma: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida
pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes
ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz.
Em vez disso, eu os tenho chamado amigos,
porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido”.
Se ainda persiste
dúvida se Deus se faz amigo de pecadores, escute Tiago: “Cumpriu-se assim a
Escritura que diz: "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como
justiça", e ele foi chamado amigo
de Deus.” (Tg.2.23)
Se você, assim
como Abraão, já é amigo de DEUS, reflita se também tem agido como um verdadeiro
amigo. Se não o é ainda, incitando-o ao arrependimento e a obediência, faço
minhas as palavras do compositor, porque “não existe nada melhor do que ser
amigo de Deus; caminhar seguro na luz, desfrutar do seu amor; ter a paz no
coração, viver sempre em comunhão e assim perceber a grandeza do poder, de
Jesus meu bom Pastor.”
Então, que
tal reunir-se aos seus amigos para adorar e orar ao Senhor, afinal este é mais
um dia “(...) em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos nele”. Sl 118.24
Graça e Paz,
Rose
Oliveira