segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Os Amigos e a Vida Cristã

A caminhada cristã não foi feita para ser percorrida sozinha. Os mandamentos recíprocos (“amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros – Rm 12.10; suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai-vos - Cl. 3.13; confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados; “compartilhai as necessidade dos santos (...) Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”  - Rm. 12. 13,15; laveis os pés uns dos outros – Jo. 13.14) nos lembram essa verdade a cada leitura bíblica realizada.

No texto de hoje, quero lhe levar a refletir sobre os perigos de um falso amigo, a importância de uma verdadeira amizade e fazê-lo enxergar como ter amigos é a vontade do Senhor para sua vida.

É incontestável o quanto (percebamos ou não) as pessoas que nos rodeiam conseguem influenciar as nossas atitudes e escolhas. Tanto que, por diversas vezes, o texto sagrado nos adverte acerca das nossas companhias (Pv. 23.20. “Não ande com os que se encharcam de vinho, nem com os que se empanturram de carne”; Pv. 24.1 “não tenha inveja dos ímpios, nem deseje a companhia deles;” Sl. 1.1 “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!”; 1 Co 15.33 “Não se deixem enganar: ‘as más companhias corrompem os bons costumes’";  Pv. 13.20 “Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau”).

Em provérbios 1.11-15 vemos o autor chamar atenção quanto a não consentir com a sedução dos pecadores, nem se pôr a caminho com eles: “se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa. Filho meu, (...) guarda das suas veredas os pés;”.

Percebemos também a influência que um amigo teve no incesto de Amnom, descrito em 2Sm 13: “Tinha Absalão, filho de Davi, uma formosa irmã, cujo nome era Tamar. Amnom, filho de Davi, enamorou-se dela. Angustiou-se Amnom por Tamar, sua irmã, a ponto de adoecer, pois sendo ela virgem, parecia-lhe impossível fazer-lhe coisa alguma. Tinha, porém, Amnom um amigo cujo nome era Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi; Jonadabe era muito sagaz. E Ele lhe disse: Por que tanto emagreces de dia para dia, ó filho do rei? Não mo dirás? Então,lhe disse amnom: Amo Tamar, irmã de Absalão, meu irmão. Disse-lhe Jonadabe: Deita-te na tua cama e finge-te doente; quando teu pai, vier visitar-te, dize-lhe: Peço que minha irmã Tamar venha e me dê de comer pão, pois, vendo-a eu preparar-me a comida, comerei de sua mão”. Verificamos que os próximos acontecimentos decorrentes deste conselho são o estupro de Tamar e o posterior homicídio que vitimou Amnom.

Em Ester. 7.10, assistimos Hamã morrendo na forca que tinha preparado para Mardoqueu, após ter seguido conselho de sua esposa e de amigos: “Então Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos lhe sugeriram: "Mande fazer uma forca, de mais de vinte metros de altura, e logo pela manhã peça ao rei que Mardoqueu seja enforcado nela. Assim você poderá acompanhar o rei ao jantar e alegrar-se". A sugestão agradou Hamã, e ele mandou fazer a forca.” (Et. 6.14)

Pois bem. Nos textos sobreditos, constatamos o quanto uma má companhia pode ser destrutiva. Do contrário, veremos adiante como uma boa amizade tem o condão de nos fazer bem, alegrar os nossos dias e nos aproximar do Senhor.

No Livro de Daniel, conhecemos a história de Hananias, Misael e Azarias, posteriormente chamados pelos nomes Mesaque, Sadraque e Abedenego, que juntamente com Daniel decidiram honrar ao Senhor na Babilônia e não se alimentar com as finas iguarias do Rei.

Dn. 2.17-18, nos mostra Daniel, em meio a uma ameaça iminente de morte, pedindo a ajuda deles em oração: “Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto da Babilônia”.

Após o livramento concedido pelo Senhor, observamos Daniel compartilhando com os amigos a vitória alcançada: “A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província da Babilônia (...)” -  Dn. 2.49.

A história de Daniel e seus amigos evidencia amizades verdadeiras, que engrandeceram ao Senhor, mostrando como amigos fiéis permanecerão conosco no momento da dificuldade, serão confiáveis, dividirão nossos fardos, orarão por nós e estarão conosco compartilhando as nossas vitórias. Note ainda que embora o Livro Sagrado nos alerte quanto ao excessivo número de amigos (Pv. 18.24a: “Quem tem muitos amigos pode chegar à ruína”), a passagem dos jovens citados nos mostra que não precisamos (e nem devemos) limitar-nos a ter um único amigo (a).

São significativos na Bíblia os textos que demonstram o valor de uma amizade: Pv. 17.17 “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade”; Pv. 27. 17 “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro;” Pv. 18.24b “mas existe amigo mais apegado que um irmão;” Ec. 4.10 “Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!”; At. 27.3 “No dia seguinte, ancoramos em Sidom; e Júlio, num gesto de bondade para com Paulo, permitiu-lhe que fosse ao encontro dos seus amigos, para que estes suprissem as suas necessidades”. As escrituras sagradas trazem ainda, inúmeros exemplos de amizades que edificaram a vida dos filhos de Deus. Se Davi estivesse a nos falar, citaria uma enorme lista presente no decorrer de sua vida, mencionando nomes como Husai (cap.15 a 17 de 2Samuel) e Jônatas (1 Sm 18.1). Homens que estiveram ao seu lado, independente das circunstâncias.

De fato, amizades verdadeiras com nossos irmãos são presentes do Senhor e nos dão prazer: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos” – Sl. 133-1; “Quanto aos fiéis que há na terra, eles é que são os notáveis em quem está todo o meu prazer.” - Sl 16.3. Assim, mesmo que você já tenha se frustrado com pessoas que se diziam amigas, não faça disso um obstáculo para construção de novas amizades.

Considere ainda que amigos verdadeiros podem e provavelmente irão te decepcionar em algum (ou vários) momento (s), mas se você agir biblicamente, tais situações serão usadas por Deus para lhe fazer amadurecer. Note que no capítulo 42. 10, “Jó orou por seus amigos (...)”, mesmo após todo o diálogo que conhecemos (cap. 4 ao 31).

Lembremos-nos do exemplo do Senhor Jesus. Escolheu doze para andar com ele. O Getsêmani e a ocasião da transfiguração ainda nos mostraram “os mais chegados”. Judas o traiu, Pedro o negou, e quanto aos demais, o versículo 56 de Mateus 26, nos diz que “deixando-o, fugiram”. Mesmo assim, consoante Jo. 21 e Mc. 16.7, Jesus, após a ressurreição, decidiu restaurar aquele que lhe negara por três vezes.

 Em Fp. 2.4, Paulo afirma, “cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” Siga o conselho do apóstolo: seja capaz de se importar com seus amigos. Não ponham seus “óculos do egocentrismo” ao se aproximar deles. Não busque cópias pessoais que lhe aprovem em tudo. Seja leal, confiável, preocupe-se, perdoe, ore por seus amigos e os ame.

Se você tem caminhado sozinho, clame ao Senhor para que ele te faça enxergar pessoas com quem você dividirá o fardo.  Você não foi feito para andar solitário, vez que este “busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria”- Pv. 18.1.

Nesses tempos em que tudo gira em torno da tecnologia, retire um pouco os olhos das telas, e olhe ao seu redor. Esqueça por um momento os números dos existentes em sua conta no facebook e faça amigos de verdade. Seja-o também. Relacione-se. Aprenda com o testemunho dos seus amigos, ajude-os a viver a Palavra e se aproxime de Deus na companhia deles. Essa é a vontade do Senhor para nossas vidas, vez que a comunhão nos dá a certeza da presença de Cristo em nosso meio: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” - Mt. 18. 20.

Por fim, outro aspecto que queria compartilhar contigo hoje, é que além de colocar pessoas ao nosso lado, Deus se fez o nosso melhor amigo.

Em Jo. 15. 13-15 o Senhor Jesus afirma: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido”.

Se ainda persiste dúvida se Deus se faz amigo de pecadores, escute Tiago: “Cumpriu-se assim a Escritura que diz: "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça", e ele foi chamado amigo de Deus.” (Tg.2.23)

Se você, assim como Abraão, já é amigo de DEUS, reflita se também tem agido como um verdadeiro amigo. Se não o é ainda, incitando-o ao arrependimento e a obediência, faço minhas as palavras do compositor, porque “não existe nada melhor do que ser amigo de Deus; caminhar seguro na luz, desfrutar do seu amor; ter a paz no coração, viver sempre em comunhão e assim perceber a grandeza do poder, de Jesus meu bom Pastor.”

Então, que tal reunir-se aos seus amigos para adorar e orar ao Senhor, afinal este é mais um dia “(...) em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos nele”. Sl 118.24

Graça e Paz,


Rose Oliveira

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