quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A tristeza que provém de Deus


A tristeza que provém de Deus 

Sentir tristeza faz parte da natureza e condição humanas, apesar disso, quem gosta de se sentir triste? Por óbvio, ninguém! Entretanto, a tristeza é natural e inevitável, ficamos e ficaremos tristes por diversas razões ao longo de nossa vida. Face aos seus efeitos, a tristeza é odiada e encarada com repulsa, sempre associada à negatividade e malignidade. Todavia, à luz da Palavra de Deus, é a tristeza um sentimento maligno? Haveria um lado “bom” da tristeza? 

Pois bem. É certo que há uma tristeza proveniente de Deus, e portanto, desprovida do carnal, diferente da tristeza cotidiana, mas desejável, almejável... Será isso possível? Claro que sim! E qual então seria essa tal tristeza? Vejamos o que diz 2 Coríntios 7: 10 “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação”. Essa é a tristeza que provém de Deus, a tristeza que sentimos pelo pecado, pela nossa condição caída, capaz de nos levar ao arrependimento. Observe, até para nos arrependermos precisamos de Deus, Ele quem opera em nós essa tristeza, a qual gera o arrependimento para a salvação. Ai de nós se não fosse essa provisão de tristeza que é segundo Deus, pois se o Senhor não a produzisse em nós, continuaríamos mortos em nossos delitos e pecados, seguros em nós mesmos, em nossas próprias obras. 

No contexto desse capítulo 7 de 2 Coríntios, Paulo menciona o conteúdo severo da primeira epístola enviada a Igreja de Corinto, acerca da qual diz não se arrepender de ter escrito, pois sabe que mesmo havendo sido a causa de tristeza, foi esta segundo Deus, produtora de arrependimento para salvação. Vejam, arrependimento para salvação, o que isso quer dizer? Arrependimento, do grego metanoia, significa mudança de mente. Assim, quando uma pessoa se arrepende ela não apenas deixa de fazer aquilo que gostava de fazer, mas ela deixa de GOSTAR daquilo que gostava de fazer. Entendeu? Há uma diferença crucial! Muitos deixam de fazer aquilo que gostavam, se autodenominam “cristãos” e até tentam se manter distantes de algumas práticas pecaminosas, mas, no íntimo, perseveram na vontade de fazer aquilo que deixaram de praticar, continuam amando e desejando o pecado. Isto não é arrependimento para salvação, mas mera ilusão, tentativa vã de enganar-se a si mesmo e aos homens. Reflita, que adianta deixar de fazer se ainda amam e sentem o desejo de viver a velha vida? O fim não é outro senão sucumbir às paixões carnais. Sem a regeneração e o Espírito Santo é impossível vencer o pecado. Lembre-se, o verdadeiro cristão aborrece o pecado e sentem o seu pesar em sua vida. 

Arrependimento também não se confunde com remorso, este último é quando a pessoa se sente mal pela conseqüência do pecado e não por ele em si. Por exemplo, um casal de namorados está praticando sexo antes do casamento, mas não sente nenhum peso pelo seu pecado, continuam praticando, até que é descoberto que ela está grávida, daí então eles contam aos seus pastores e líderes. Será que realmente se arrependeram? Ou só contaram porque não havia mais como encobrir seus pecados? Eis o remorso. 

O verdadeiro arrependimento, operado pela tristeza segundo Deus, é aquele que abre os olhos do arrependido para sua condição caída, afastada do Senhor, carente da graça salvífica, condenada em seus delitos e pecados, fadada à punição eterna. O arrependimento é, portanto, o abandono definitivo das velhas práticas, a repulsa pelo pecado, uma mudança total e irremediável de mente. Ele opera o pesar necessário à condução do homem a Deus, gerando o perdão divino. 

Assim, mesmo depois de regenerado e salvo, a tristeza continua recomendável e necessária, veja: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tiago 4:8-10). Assim sendo, a tristeza na vida do cristão é capaz de gerar-lhe quebrantamento, avivamento, restauração em Deus. Gera o abandono do pecado e humilhação perante o Senhor. 

Como sendo resultado de alguma adversidade, a tristeza tem a capacidade de nos voltar para Deus mais intensamente. A tribulação acarreta busca, confiança e dependência do Pai. Que o Senhor possa sempre gerar em nós essa tristeza, para que diariamente venhamos nos entristecer pelos pecados que cometemos, fazendo-nos anelar uma vida santa e irrepreensível. 

Em amor, 

Márcio Montilari.

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