Antropocentrismo X Teocentrismo
Um contraste
nos parece bem evidente ao lermos o título deste artigo, não é mesmo?! Pois
bem, é exatamente sobre esse embate desproporcional que quero discorrer. A
princípio, vamos esclarecer os termos acima citados. O antropocentrismo representa o homem como o
centro de tudo, portanto, afirma ser autossuficiente em todas as suas
necessidades. E Teocentrismo, um termo que nos traz o sentido, a partir da
junção de duas palavras: Deus (do grego "Theos") e “centrismo”
derivado da palavra centro, de que Deus é o centro de tudo que existe nos céus
e na terra, ou seja, tem o domínio, Poder e Soberania sobre tudo que Ele criou,
até mesmo sobre a vida humana. Neste sentido, Deus passa a ter o reconhecimento
que a Ele é devido: Criador de todas as coisas e Autor da vida humana.
Portanto, Aquele que é Poderoso para controlar, intervir e agir em qualquer
situação, inclusive do homem e principalmente deste.
Afirmo ser um
embate desproporcional por questões inequívocas e inconfundíveis: A Bíblia
manifesta a ideia de desproporcionalidade entre a Supremacia Divina em
contraste com a fragilidade da autossuficiência humana ao revelar textos como:
“Porque o Senhor é Deus grande, e Rei grande sobre todos os deuses. Nas suas
mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas. Seu é o
mar, e ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca. Ó, vinde, adoremos e
prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou” (Salmos 95.3-6). Ora,
se Deus é o Criador do próprio homem, este não é autossuficiente, pois depende
do fôlego de vida para a sua existência “E formou o Senhor Deus o homem do pó
da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente” (Gênesis 2.7), “Na sua mão (Deus) está a alma de tudo quanto vive, e o
espírito de toda a carne humana” (Jó 12.10) e “O Senhor é o que tira a vida e a
dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1 Samuel 2.6).
Apenas em um
único quesito, o da vida, o homem perde o embate com Deus ao hesitar afirmações
de não depender de nenhum “Ser supremo” pra se sustentar em seus projetos.
Outro quesito poderia destacar: a auto existência, a exemplo, é um princípio
que o homem não detém, pois este foi formado por Deus, e não passou a existir a
partir “do nada”; sendo assim, Deus é quem possui o princípio da auto
existência, ou seja, Ele existe por si mesmo, ninguém O criou: “Antes que os
montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a
eternidade, tu és Deus.” (Salmo 90.2). Mesmo
sem dar a Deus o reconhecimento devido, o homem antropocêntrico depende da vida
ofertada por Ele para levantar, ver o sol nascer por mais um dia e obter, pela
misericórdia de Deus, a chance de poder conhecer, prestar reverência e adorar
ao Dono da Vida: Deus; sabendo que “as misericórdias do Senhor são a causa de
não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” (Lamentações
3.22). Do contrário, as chances vão diminuindo ao ponto de um dia Deus dar um
limite final para sua criatura que se volta contra o seu criador, ou seja, que
vive ao seu bel prazer, que não se submete à Sua Palavra e ao seu Senhorio, bem
como ao padrão de vida santa estabelecido pelo Senhor. A sentença de Deus é
evidente: “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que
tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20), “esse é o destino de todo o que
se esquece de Deus; assim perece a esperança dos ímpios. Aquilo em que ele
confia é frágil, aquilo em que se apóia é uma teia de aranha” (Jó 8.13-14).
Por fim,
afirmo ser um embate ou disputa, porque o homem quando se torna “deus”, em sua
arrogância, não ousa reconhecer a sua dependência a Deus, mas se colocar no
lugar de Deus, um orgulho tamanho e maligno à baixeza de achar-se
autossuficiente. Tal embate entre o Criador e sua criatura tem registros
históricos desde fatos como a rebelião de Satanás que quis usurpar o trono de
Deus; a torre de babel, quando os homens resolveram construir o seu próprio
caminho para os céus (Gênesis 11.3-4); o próprio povo de Israel que levantou um
bezerro de ouro para, com suas próprias mãos, portanto pela sua
autossuficiência, providenciar o seu próprio deus “E ele os tomou das suas
mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então
disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito” (Êxodo
32.4); a era humanista, transição entre a idade média e o renascimento em que
passa-se a valorizar o homem em
detrimento de Deus, uma saída da “idade das trevas” (em que o conhecimento era
dominado pela religião católica, embora essa não traria respostas fiéis quanto
as indagações sobre a vida e sobre o universo acerca do que a Bíblia tem a nos
revelar) para a “era do iluminismo”,
quando o conhecimento passa a ser centrado nas respostas humanas e de caráter
científico, com se as revelações bíblicas não fossem suficientes para as
questões mais intrigantes sobre a vida. Hoje, podemos atestar, pelos avanços do
próprio conhecimento humano e científico, que a Bíblia pode ser confirmada em
suas revelações e narrações históricas como autêntica por meio da arqueologia,
do design inteligente, entre outras ciências).
Existem tantas
ideias filosóficas antropocêntricas pairando como fundamento em religiões que afirmam
não necessitar de Deus para alcançar a felicidade plena, e há as que não
necessitam de Jesus, o único caminho, a verdade e a vida (João 14.6), para
chegar a uma comunhão plena com Deus, apresentando outros mediadores e, outros
até afirmam que “todos os caminhos levam a Deus”. Há também aquelas que, com
suas próprias mãos, criam o seu deus e, por uma atitude de “autossuficiência”,
acreditam poder prover e estabelecer para si mesmos um “ser supremo”.
Entretanto, precisamos reconhecer que só há “um só Deus, e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2.5); que Deus domina sobre
todas as coisas, que dependemos da sua graça, do seu amor e da sua misericórdia
para termos uma vida plena de gozo e de paz. Não precisamos criar nossos
próprios meios para alcançarmos a felicidade plena, precisamos é nos esvaziar
dos nossos orgulhos e soberba, nos curvar e ajoelhar diante do Senhorio de
Cristo para entregar nossa vida a Ele, e passarmos por então da condição de
criatura para filhos de Deus: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome” (João 1.12).
Lembre-se, não busque a autossuficiência, pois esta é uma atitude que afronta
ao Criador, é uma tentativa de rebelar-se e de declarar que não precisa do seu
Criador para existir e desfrutar de uma vida plena de gozo e de paz. Busque
reconhecer que sem o Criador, nós, enquanto criatura, não passamos de um
projeto sem atingir o seu real objetivo: glorificar a Deus e declarar que a
nossa suficiência vem dEle:
“Não que sejamos capazes, por
nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de
Deus.” 2 Coríntios 3:5
“tudo quanto tem fôlego louve ao
Senhor. Louvai ao Senhor”. (Salmos 150.6).
“Ele domina eternamente pelo seu
poder; os seus olhos estão sobre as nações; não se exaltem os rebeldes.” Salmos
66.7
Na comunhão do Espírito,
Italo B Queiroz