“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”.
Mateus 24:12
Embora essa pergunta, complexa a todos nós, soe com um tom robusto, varonil, é necessário tentar entender e definir essa “coragem” do homem de cometer um ato perverso, um crime contra o seu semelhante, um pecado contra Deus! Iniquidade é tudo isso. É uma transgressão que afeta e destrói a regra de boa convivência entre as pessoas e compromete consequentemente o seu pior destino, a morte. A seguir você lerá uma história verídica em que os personagens (não identificados) encenam uma situação embaraçosa e que nos provoca a refletir sobre a nossa conduta enquanto homens e mulheres de bem, cidadãos pacíficos, cristãos verdadeiros. Sou agente de combate às endemias e essa narrativa é baseada em um de meus escritos em dias de trabalho sobre as regiões rurais do município de Sumé-PB.
“No sítio chamado Volta um homem alto, magro, de olhos verdes claros e um olhar sereno, de aparentemente 50 anos nos recebeu de forma hospitaleira em sua casa e nos convidou para tomar café. Nos fundos da casa estava sua mulher, uma filha pequena, uma senhora e um rapaz. Enquanto a simpática senhora servia o café gentilmente, o homem demonstrou interesse sobre política, começou a conversar e sentou-se sorridente e entusiasmado na expectativa de ouvir nossa opinião a respeito do assunto. A conversa se alongou e como dizem por aqui “uma conversa chama outra” entramos em outros assuntos e as gargalhadas logo começaram até que o motorista que nos acompanhava perguntou por alguém a quem o homem não tinha o mínimo de simpatia. Tratava-se de um homem, “folgado” e arrogante. O dito cujo foi apresentado como um monstro intransigente. A cena contada pelo senhor se passava em um salão de cabeleireiro. Ele conta que simplesmente o homem de quem falara, propositalmente e sem razão alguma, o agrediu verbalmente dizendo: você é babão! O termo não tem ligação alguma com o verbo babar. No nosso vocabulário babão significa puxa-saco, adulador, lambe-botas. Foi assim que o homem o tratou no período em que ocorriam as eleições municipais. O proprietário da casa estava sentado na cadeira do cabeleireiro quando ouviu o insulto e de prontidão ficou irado com aquela atitude diante de tantas pessoas que ali estavam. Sentiu-se constrangido, envergonhado. Ambos trocavam farpas, falavam palavrões em alta voz e usavam termos pejorativos para ferir um ao outro. Enquanto isso acontecia, não sabia o homem que o sobrinho do senhor, um rapazinho magro e alto, de uma mão de gigante, estava por trás dele esperando uma reação do tio para dar o primeiro tapa e entrar na briga. Em meio aquela algazarra o homem ficava cada vez mais alterado. Então, o senhor observou pelo espelho que o agressor estava empunhando uma faca. De imediato tomou uma tesoura de cima da penteadeira e o desafiou dizendo: venha, que eu te enfio essa tesoura! Depois de ouvir tantas outras declarações, frases e expressões odiosas, o homem com que conversávamos, frente a frente, chegou a afirmar com “sangue nos olhos” que se tivesse posse de uma arma na mão, teria deixado aquele homem selvagem sentado lá, diz ele: no seu devido lugar, morto!”
Jesus nos ensinou a amar uns aos outros e ser compassivos. Isso implica respeitar o outro, entender o outro, se colocar no lugar do outro. É verdade que vivemos entre pessoas egoístas, maliciosas, hipócritas, maldosas e da mais vil natureza que se possa imaginar. Dentre essas características, há sempre aquela que consideramos inadmissíveis, intoleráveis, dignas de reprovação total. Mas, há também pessoas de bom senso, compreensivas, tolerantes, amáveis, etc. Aquelas que mudam seu semblante com uma simples palavra. Daí você se pergunta: E se um dia eu vier a ser uma vítima também? Faria o mesmo como esse senhor, confrontaria, revidaria e me decidia a matar! Ou seguia os ensinamentos de Jesus? Que é paciente, manso, pacífico...? Pois é, você se sente em um fogo cruzado. E eu te entendo mesmo não sendo espectador daquela cena de terror, só de ouvir aquele desabafo senti a garganta presa e o coração apertado. Mas no íntimo da alma me lembrei do conselho de Jesus: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Mateus 11:29,30.
Em meio a tanta violência, fúria e insensibilidade entre as pessoas, será que se você tomasse o conselho desse senhor teria descanso na alma? Mesmo que descarregasse todo o seu sentimento de vingança não teria paz interior. Sua consciência o perturbaria. Perceba que Jesus enfatiza: o meu jugo (nossa sujeição a Ele) é suave, o meu fardo, leve. Já imaginou você sair dessa confusão com a alma descansada, sem culpa, sem sentimento de ódio nem rancor? Quão bom é viver em paz e harmonia. Perdoar e ser perdoado. Ao lado de Jesus tudo isso é possível! Quanto aos demais casos não respondidos pela ordem, a resposta bíblica é: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros". Romanos 12:9,10.
Amor fraternal é amor entre irmãos. Naturalmente o nosso semelhante e não necessariamente irmãos consanguíneos. Amar o próximo, o estrangeiro, o desconhecido. Não adianta fingir amar alguém através de palavras senão atitudes que demonstrem sentimentos. As pessoas tem necessidade de perceber um sinal. Ou seja, um abraço, um carinho, um gesto amigável, um conselho. O que significa honrar alguém? Significa demonstrar consideração especial, valorizar, dar respeito não apenas pelo mérito, mas pela posição.
A
inclinação da natureza humana é mal. O homem que tem coragem de tirar a vida do
seu semelhante está cego espiritualmente, distante de Deus, a sua iniquidade
não lhe permite entender o sentimento de compaixão, não está preparado nem
disposto a compreender o outro. Contudo, Jesus nos ensina a amar, ter paz, equilíbrio
e temperança para vencer os possíveis impasses dessa vida e nos tornarmos
pessoas melhores a cada dia. Não deixe o seu amor
se esfriar, contagie esse amor de Jesus e não permita que a iniquidade se
multiplique mais e mais.
Ígor
Queiroz
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